O Muro

Luz de Outono - fotografia meia boquérrrima

Silêncios

Ela se foi. Fechou a porta, mas deixou a cópia das chaves em cima da TV. Deixou também a um caos na sala. Ele, morava no Japão.

Ele, deixou as chaves debaixo da capacho e avisou. "Entre quando quiser". lembrou de como de repente o muro estava repleto de mensagens e carinho. apagou tudo. Quase tudo. Há em alguma caixa ou pasta, um pedaço de papel amassado. e a figura de um pinguim.

Hoje a sala vazia. onde havia eco, há agora uma espécie de presneça leve. uma foto. um altar budista. um templo.

Onde havia ansiedade há calma. macia como um gato gordo. e os dias se seguem. ele não desistiu de sair e tomar um café. mas antes há que deixar a casa arrumada. os móveis em ordem, o chão limpo e os quadros pendurados, por si acaso ela queira visitar.

Porque ele é obstinado. (?) escreve nos muros e encontra motivos. tem saudades das ruas e das praças. Ainda mais no outono, quando a luz é bela por ser difusa. descobriu que os passos há que dar um com a direita e outro com a esquerda. nada engenhoso. nem muito esperto. mas a calma é só para a caminhada. quando sentado lá fora, toda traquilidade será mentirosa.

Há algumas coias que ele gostaria que ela entendesse. mas isso não é tarefa, nem dever. é dele. só dele. assim como as chaves são dela. só dela.

*MÉTODO - uma hora para baixar músicas, uma hora para ler, uma hora para escrever, uma hora para escrever...há que dividir, ou não dormirei. *
* CABECEIRA: Em busca do tempo perdido - tempo redescoberto *
*PAPEL AMASSADO - Elbow - I've got your number*
*SUGESTÃO (DE NOVO) - Amores Expressos (Wong Kar Wai)*
*ORIENTAL - a conta se faz em meses.*
DESNECESSÁRIO DIZER - ***